segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Insônia cultural

Sabe como é. Tem dias que a gente não dorme. Pelo andar da carruagem, minha semana vai ser totalmente em claro. Em claro no escuro. Mas, já que os melhores filmes (pelo menos os mais cultos e com mais a oferecer) passam durante a madrugada, tive o prazer de (re)assistir alguns filmes que mexem com a minha cabeça. E com certeza com a cabeça de quem for aberto para sentir o filme e não só vê-lo.

O primeiro se chama Um Lugar Na Platéia, uma comédia (???) francesa sobre uma garota que vai trabalhar em um café, frequentado por artistas da música, do teatro, da arte plástica. E por quem os admira também. Entre os pensamentos, as idéias criativas, as turnês, estão envolvidas as vidas pessoais, desejos e o coração de cada pessoa por trás do que ela faz. Nos deixa o pensamento sobre o quê é válido: a cultura da venda ou a alma artística de cada um. Fora que a solidão da personagem principal em meio à tanta bagunça é esplêndida. Boa pedida.

Ainda nesse lance de arte, tem o Uma Escola De Arte Muito Louca, comédia barata sobre faculdade. No caso, faculdade de Arte, seus esteriótipos e um calouro apaixonado por uma veterana. Clichê. Mas o legal do filme é que, além das ótimas referências culturais, o filme nos leva à dúvida sobre a diferença de ser um artista e de gostar de arte. Qual é a concretização da linha imaginária entre o dom e a admiração? O quê nos dá a certeza de que somos bons no que fazemos e que aquilo será reconhecido?!

Mudando de cena, vamos aos tormentos. Igual A Tudo Na Vida conta com a participação incrível de Woody Allen. Só por aí, podemos imaginar que o filme é ótimo, com tramas psicológicas de nos fazer pensar por horas e horas. A história gira em torno de um escritor e sua namorada. Ele é do gênero "clássico" e ela do gênero "eusoutotalmenteloucaemoderna". Woody Allen faz um velhinho neurótico e muito filosófico, que conduz o protagonista a remontar a sua vida. Tem uma ótima trilha sonora, com direito à Billie Holiday e Diana Krall, conta com a Christina Ricci no papel de estudante de teatro totalmente maluca e a fotografia do filme é ótima.

São opções para os momentos de reflexão. Sozinho, claro, afinal, não são filmes para você discutir sobre os assuntos banais e fazer comentários sobre a vida pessoal dos atores, mas sim, sobre todas as questões que eles abordam: filosofias, traições, dúvidas, cultura, liberdade, mudanças, carreira, sensações, disperdícios.