segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Insônia cultural

Sabe como é. Tem dias que a gente não dorme. Pelo andar da carruagem, minha semana vai ser totalmente em claro. Em claro no escuro. Mas, já que os melhores filmes (pelo menos os mais cultos e com mais a oferecer) passam durante a madrugada, tive o prazer de (re)assistir alguns filmes que mexem com a minha cabeça. E com certeza com a cabeça de quem for aberto para sentir o filme e não só vê-lo.

O primeiro se chama Um Lugar Na Platéia, uma comédia (???) francesa sobre uma garota que vai trabalhar em um café, frequentado por artistas da música, do teatro, da arte plástica. E por quem os admira também. Entre os pensamentos, as idéias criativas, as turnês, estão envolvidas as vidas pessoais, desejos e o coração de cada pessoa por trás do que ela faz. Nos deixa o pensamento sobre o quê é válido: a cultura da venda ou a alma artística de cada um. Fora que a solidão da personagem principal em meio à tanta bagunça é esplêndida. Boa pedida.

Ainda nesse lance de arte, tem o Uma Escola De Arte Muito Louca, comédia barata sobre faculdade. No caso, faculdade de Arte, seus esteriótipos e um calouro apaixonado por uma veterana. Clichê. Mas o legal do filme é que, além das ótimas referências culturais, o filme nos leva à dúvida sobre a diferença de ser um artista e de gostar de arte. Qual é a concretização da linha imaginária entre o dom e a admiração? O quê nos dá a certeza de que somos bons no que fazemos e que aquilo será reconhecido?!

Mudando de cena, vamos aos tormentos. Igual A Tudo Na Vida conta com a participação incrível de Woody Allen. Só por aí, podemos imaginar que o filme é ótimo, com tramas psicológicas de nos fazer pensar por horas e horas. A história gira em torno de um escritor e sua namorada. Ele é do gênero "clássico" e ela do gênero "eusoutotalmenteloucaemoderna". Woody Allen faz um velhinho neurótico e muito filosófico, que conduz o protagonista a remontar a sua vida. Tem uma ótima trilha sonora, com direito à Billie Holiday e Diana Krall, conta com a Christina Ricci no papel de estudante de teatro totalmente maluca e a fotografia do filme é ótima.

São opções para os momentos de reflexão. Sozinho, claro, afinal, não são filmes para você discutir sobre os assuntos banais e fazer comentários sobre a vida pessoal dos atores, mas sim, sobre todas as questões que eles abordam: filosofias, traições, dúvidas, cultura, liberdade, mudanças, carreira, sensações, disperdícios.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Just a minute!


Enquanto ele toma banho, ela olha a TV. Olha e não assiste. Os pensamentos não páram de rodar na sua mente. Cada buraco é preenchido pela dúvida e pela dor. Enquanto ele pega a toalha, passa a mão no espelho do banheiro para tirar o vapor e ver sua imagem refletida, ela pensa em tudo o que tinha acontecido, por tudo que tinham passado. Era um mundo tão caótico que viviam, que parecia simplesmente perfeito terem se conhecido. Ela sorri, enquanto ele se seca e pensa no trabalho. Talvez o conto de fadas dela seja um conto de gente normal. Ela se irrita, ele se perde, ela se culpa, ele se cala. Mas afinal, por que isso dói tanto? Enquanto ele abre o armário e coloca a camiseta, ela pensa que talvez tudo fosse um grande exagero. Isso deve ser o que chamam de convivência. Intimidade. Ele estava agora em frente ao espelho, de pé, colocando sua calça e secando os cabelos. Enquanto ela lembra tantas vezes em que se calou para ele. Tantas vezes que ela sabia que devia ter falado o contrário do que foi dito. Ele calça os sapatos e fecha o ármario, voltando para o banheiro. Ela sorri novamente. Afinal, o quê está errado? Não há nada errado. Ela é dramática ao extremo, conclui, enquanto ri de si mesma. Ele volta para o quarto, pega as chaves, lhe dá um beijo e diz que a ama. Ele sempre faz isso, mas algo a incomoda, sem nem ela mesmo saber. Mas quando ela pensa sinceramente consigo mesma, sabe que nada está errado. Ela desliga a TV e deita na cama. Vira para o lado, já com saudades, querendo dizer o que não disse, querendo dar o abraço que não deu e o beijo que guardou. Ela fica pensando sobre quando se conheceram e se pega com o mesmo olhar apaixonado quando fala dele. Não é nada, ela só precisa de mais uma caixa de chocolate.

Repassando


Ganhei um selo da Chris, do Séries-Etc!
Que fofo! :)
Agora, vou repassar para 3 blogs que eu curto e sempre visito:

terça-feira, 29 de julho de 2008

Prazeres de Amelie Poulain


O mundo anda tão complicado - Legião Urbana


Gosto de ver você dormir
Que nem criança com a boca aberta
O telefone chega sexta-feira
Aperto o passo por causa da garoa
Me empresta um par de meias
A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia
Amanhã é a sua vez
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você.
Temos que consertar o despertador
E separar todas as ferramentas
A mudança grande chegou
Com o fogão e a geladeira e a televisão
Não precisamos dormir no chão
Até que é bom, mas a cama chegou na terça
E na quinta chegou o som
Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo
E até que é fácil acostumar-se com meu jeito
Agora que temos nossa casa
É a chave que sempre esqueço
Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma feijoada
Esquece um pouco do trabalho
E fica de bate-papo
Temos a semana inteira pela frente
Você me conta como foi seu dia
E a gente diz um p'ro outro:
- Estou com sono, vamos dormir!
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você
Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo
Por amor


A vida é completamente imprevisível e as coisas podem ser tão demoradas para acontecer. Pra quê disperdiçar uma frase de carinho por uma acusação sem fundamento? Tudo passa tão rápido, que no fim, ficamos com aquele sentimento de quê poderíamos fazer mais. Sim, podemos. Podemos começar a fazer mais a partir de agora, ao invés de se contentar com uma vida de lamentos. Podemos dar o beijo do perdão, o abraço da saudade, o riso do contentamento hoje. Remoer em silêncio nos trará a doença da solidão e, para essa, não há remédio. A solidão não é estar sem presenças. A solidão é estar sem o nosso rumo interno. Sem a esperança de dias melhores, de vitórias, de progressos. Chore, fale, ria, ame, beije, dê um abraço, olhe o céu. Aproveite. Aproveite as chances que você tem, aproveite as pessoas que a vida lhe dá o prazer de conhecer, aproveite a felicidade, os dias de sol, os banhos de chuva, as noites estreladas, o sono durante um dia frio, a pipoca (com ketchup! :P) para ver o filme. Seja feliz! Seja muito feliz!



segunda-feira, 28 de julho de 2008

Rollercoaster

GENTE, A GALERA TÁ COMENTANDO COMO SE FOSSE UMA MONTANHA-RUSSA NO SENTIDO REAL. MAS NÃO. IMAGINE, PARA VOCÊ, QUAL É A SUA MONTANHA-RUSSA? O QUE TE DÁ MEDO E TE DÁ FELICIDADE AO MESMO TEMPO? O QUE TE FAZ TE SENTIR COMPLETO?


Era só uma montanha-russa. Ela te excita no começo. Você faz planos de andar nela. Você imagina o quanto vai ser emocionante. Você está cego e só pensa naquilo. E quando chega perto dela, percebe que ela é muito maior do que você imaginava. E que pode ser um pouco pior do que você imaginava. Seu estômago embrulha, pensando no que pode acontecer lá em cima. Você chora, porque a montanha-russa é necessária. Ela é a superação. E você fica em dúvida, afinal, não era nada daquilo que você imaginou e quando se deparou com a dita cuja, sentiu uma pontada, mesmo que mínima, de decepção. Mas e aí, você vai desistir agora, que está na frente dela? Não era isso o que você realmente queria?! Então você senta no carrinho. As mãos gelam, os pensamentos voam, o corpo amolece. Os cintos travam, no sinal de que não tem mais como desistir: agora você tem que ir em frente. Feche os olhos bem apertados e inspire. Não há mais o que fazer. Nos resta pensar pelo lado de que era exatamente isso que faltava, para a sua superação. O carrinho dá aquele tranco, é a arrancada inicial. Enquanto ele se move lentamente, subindo, ao céu, sem fim, você faz a sua retrospectiva. De tudo o quê aconteceu na sua vida até o momento em que decidiu sentar na bendita montanha-russa. Daquela cicatriz que você leva até hoje e que dói nos dias frios; na mão que está estendida por anos e que sempre estará; no castelo que você acreditava ser concreto e desabou. E claro, vem na sua mente todos os desastres com montanhas-russas que você já viu ou ouviu falar. E cada hora que você pensa em algo assim, você sente o tranco da subida. Cada vez é pior, cada hora parece mais longe do que você considera seguro e quente. Mas, ao mesmo tempo você pensa que aquilo, oras, aquilo é o que você quer não é? E que a excitação e o medo podem ser transformados em coragem. Então decide abrir os olhos. E descobre que você está sim, mais perto do céu. O sentimento de onipotência te invade, te faz sentir completo, te faz sentir feliz. O ar fresco do alto, a vista do infinito, a solidão da vista panorâmica te faz se sentir maravilhado. Olhando para baixo, você pode ver que é tão monótono e tedioso aonde você estava e que de lá de baixo, você nunca ia ter a chance de estar pleno. E agora, é a hora da diversão. Você superou sim, e o que vem depois é melhor. É a corrida final, é o frio na barriga. São as mãos pro alto em contentamento, é o vento que passa por você te fazendo se sentir vivo. É a moleza no corpo que agora não te enjoa, mas sim te faz se sentir leve. O olho que está aberto é para enxergar o quê existe além da terra firme. A inspiração de agora não é mais de pavor; é o jeito de ter dentro de si tudo o que está à sua frente. E quando o carrinho pára de novo, você está com o coração acelerado, pensando ainda no que viu e sentiu lá em cima. Rapidamente te passa pela cabeça a dúvida, de como você pôde ter medo de algo tão prazeroso, mas essa dúvida é como uma fumaça, que se perde rápido e o seu êxtase reaparece. Agora o chão parece tão sóbrio; as pessoas parecem tão chatas; tudo parece tão menor. Seu medo, seu choro, seu suor valeu a pena afinal. Talvez você esteja pronto para rodadas incessantes na montanha-russa.
(citação da "montanha-russa" como metáfora pertence à um rapaz que nunca foi apresentado aos prazeres desta, por isso vive no chão. Por enquanto.)

domingo, 27 de julho de 2008

What about fear?


Ser humano - instinto de sobrevivência - medo.
Ser humano - trauma - medo.
Ser humano - mudança - medo.
Ser humano - novidade - medo.
Ser humano - outro ser humano - medo². (Sim, é medo ao quadrado)

Temos medo de tudo, praticamente. Intrigante é o fato de que, em alguns casos, o medo nos faz ter ações e reações que nos dão mais medo ainda. Exemplo?
Você está com medo. Fala alguma coisa para que te dêem uma resposta que te deixe sem o medo inicial, tentando se sentir segura e protegida. Acaba falando uma besteira enorme. E fica com medo da resposta que te derem acabar te deixando pior do que no começo. Absurdo? Sim, muito absurdo. Porém comum.

Difícil é conseguir encarar os nossos medos de frente, com as porcentagens reais de probabilidades de sucesso e fracasso. Quando tudo parecem ser flores, o seu mundo fica numa fumaça cor-de-rosa e isso nos torna cegos. Então, quando acontece aquele momento de descoberta de que o ser amado também é de carne, osso, dor e lágrimas, ficamos sem ação. Sem ação principalmente quando não estamos acostumadas a ser o lado forte da corda. Aliás, é estamos acostumadas a sempre ter o nosso lado arrebentado e ter aquele "tique taque" incessante enquanto não é dado um ponto na ferida ou enquanto o último caco de vidro não é colado.

Temos medo da falha: de agir de um jeito e aquele jeito ser a pior forma; temos medo da derrota: de nos sentir pequenos diante da imensidão que existe à frente; temos medo da insuficiência: de tentarmos ser tudo e não representarmos nada: temos medo do desespero: de agir insanamente sem ter noções de conseqüência.

E afinal, existe um manual para lidarmos com o medo? Medo é sentido de diferentes formas, na mesma situação. É vivenciado em várias situações, com a mesma pessoa. Cada medo é único, sendo vivido uma, duas, três vezes. Cada medo é único, mesmo que seja repetido. Não podemos estar livres dos nossos medos nunca, já que eles nos mostram onde podemos pisar em um buraco ao invés de ir para frente.

Mas podemos casar o Sr. Medo com a Sra. Paciência. E eles são uma bela pedida. Quem melhor para lidar com o medo do que a paciência? Ele sempre vem nas piores horas e das maneiras mais inesperadas. Ela é tão gentil e sabe lidar com todos da melhor forma.

Conclusão não tão conclusiva assim é que o medo sempre vai existir. De uma forma ou de outra, ele vai estar presente. Não temos como falar de que jeito podemos fazer com que ele suma, se é que isso é possível, mas talvez, uma boa dose se sensibilidade, de paciência, de compreensão pode ser suficiente para que consigamos lidar com ele harmoniosamente e fazer com que ele não seja maior do que nossos planos, nossas metas, nossos objetivos e sonhos.

O medo é saudável para nos fazer enxergar os obstáculos e nos ajudar a superá-los, mas não pode ser dominante ao ponto de nos fazer parar e sentar onde com ele encontramos.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Amigos de uma era

Ah. As amizades esquecidas pelo meio do caminho. A realidade de um tempo hoje parece tão distante e o que sobra são idéias do que poderia ter sido. E aquele riso escondido quando se lembra de alguma coisa. Algum desenho, alguma brincadeira, alguma expulsão de sala, alguma prova colada.

Texto do Pingo:
hummmmmmmmmm.....mudanças de comportamentooooo com o passar do tempo....??ou uma mudança que te obrigaram a ser feita?pq quando a gente é criança nossos pais falam,se vc não acreditar em deus vc vai pra não sei onde,se vc não for um bom menino vc vai pra não sei onde,hoje eu tenho minha propria ideia sobre isso,que ainda as mesmas pessoas tentam mudar,deus não criou a terra deus não criou o universo,eu acredido que sim que existe uma força maior ,mas não sei da onde vem..ainda estou em duvida..rsmuitas coisas mudam com o passar do tempo muita coisa que vc não acreditava que acabou acreditando ou vai acabar acreditando um dia,amizade por exemplo,existe amizade verdadeira?? ela existe mesmo??como dizem somos todos seres humanos e erramos,acreditava muito na amizade quando criança,hoje isso é uma coisa que eu ainda tento acreditar que eu vejo uma pequena luz no fim do túnel...mas que está quase para apagar,pq eu sei que tb sou humano,se alguem quer o bem dela propria eu tb quero o bem pra mim proprio,hoje eu não penso duas vezes se for pra pisar em alguem para me levantar farei,pq não vão pensar duas vezes antes de pisar em mim!!!hoje acho que aprendi muitas coisas e acho que sou mais feliz assim ,me prendia a muitas coisas hoje sou bem mais leve,quem sabe um dia o meu modo de pensar possa mesmo voltar contra mim..até então a gente segui na luta!!(obs:e quem disse que meu modo de pensar é errado??ou o seu modo de pensarr é errado??somos todos atores de um grande circo de mal gosto...rs)

Que venham novas eras!

C'est la vie!



Eu sempre fui contra publicar textos antigos, quando não concordamos mais com eles. Afinal, textos, crônicas, poesias, músicas são formas de expressão do nosso estado de espírito atual. E o que há de bom em guardar poeira do que fomos um dia? Só nos trará nostalgia, arrependimento, saudade, lágrimas. Mas ao mesmo tempo é engraçado quando paramos para olhar as nossas pegadas. Elas formam o nosso caminho para frente, então, esquecidas ou remoídas, elas servem para nosso aprendizado. Seja pela dor ou pelo amor, essa não é a questão.
Aquele nosso sonho revolucionário e sangrento de antes se transforma. Ele agora é um pedido de serenidade. Adquirimos a maturidade de lidar com as coisas da melhor forma, sejam elas desastrosas ou não. Não temos mais aquele impulso de ser "do contra".
Aquela vida que queríamos há alguns anos é inexplicavelmente a mesma vida que hoje não compreendemos como pode ser vivida.
O que considerávamos importante nas relações é o que hoje nos faz chorar quando acontece.
Lembro muito bem de um dia em que estava tomando um café com uma amiga e conversávamos a respeito dos relacionamentos e das formas de tratar as pessoas. E naquele momento, eu confessei que odiava ser tratada como alguém que precisa de proteção e ela me falou que um dia isso era o que eu mais ia querer. E ela estava certa.
Nós amadurecemos e com o crescimento, vem a mudança. Mudança de gosto, mudança de idéia, mudança de objetivo, mudança de guarda-roupa. Mudança de amigos, mudança interior.
Junto com tudo isso, olhando os passos que demos há algum tempo, vem junto a percepção de que crescemos, por mais que continuamos no mesmo lugar.

terça-feira, 22 de julho de 2008

=')



Vale a pena para imaginar uma praia, chorar e dormir.

Amber - 311

Brainstorm, take me away from the norm
I got to tell you something
This phenomenon, I had to put it in a song
And it goes like

Whoa, amber is the color of your energy
Whoa, shades of gold displayed naturally
You ought to know what brings me here
You glide through my head blind to fear
And I know why

You live too far away
Your voice rings like a bell anyway
Don't give up your independence
Unless it feels so right
Nothing good comes easily
Sometimes you gotta fight


Launched a thousand ships in my heart
So easy, still it's fine from afar
And you know that
Whoa, brainstorm take me away from the norm
Whoa, I got to tell you something


domingo, 20 de julho de 2008

Meia satisfação

E mesmo sabendo que você está na meia idade, você acompanha seu amigo à mais uma noitada non sense.
E ainda acha graça em parar na ponte do metrô Anhangabaú e olhar os prédios, com um fundo musical de contos de terror. E ainda acha graça em andar na rua dando risada e reparando em detalhes perdidos na multidão. E ainda acha graça de seguir as mesmas ruas, fazer os mesmos comentários, sentar no mesmo bar, tirar as mesmas fotos e idealizar as mesmas utopias. E nessa rotina noturna, você imagina por um segundo que a sua mente está vazia das coisas que te angustiam, te preocupam e que te fazem dormir agarrada no cobertor. Você não vê o lado ruim, mas sim, espera pelo lado bom. E aí você atravessa a mesma calçada, depois de 3 garrafas de cerveja, fica na porta dos mesmos bares escolhendo onde será melhor e maior a quantidade de cervejas consumidas até o fim da noite. E você opta pela segurança daquele lugar que te trás boas recordações. E você ainda descobre a graça de ficar na porta conversando com uma completa estranha e rir demais em 2 minutos de "nova amizade eterna". E você ainda acha graça daquele cara estranho que fala umas bobagens achando que vai te levar pra casa. E você ri de quanto ele está longe de você, sem nem ao menos perceber. Você acha graça de como ele está tão perto de você, sentado na sua mesa (não por convite seu, claro) e ao mesmo tempo infinitamente longe, enquanto quem está realmente infinitamente longe parece estar ao seu lado. E você ri sozinha e ninguém entende. E você continua achando graça das besteiras, das risadas, da insatisfação da banda não tocar AQUELA música, do seu amigo que dorme na mesa, da sua melhor-amiga-completa-desconhecida, da volta pra casa, andando nas mesmas ruas, pegando o mesmo metrô, com as mesmas histórias de terror sobre o prédio que foi destruído pelo incêndio e enquanto uns eram carbonizados, outros se suicidavam pela janela, na esperança de viver. E você ainda acha graça no dia seguinte, quando só acorda para comer, sentir vontade de vomitar, escrever um e-mail para aliviar o coração e dormir de novo.
Ok, você está na meia idade, mas ela ainda pode te trazer alguns sorrisos momentâneos.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Insatisfação


Hoje é um daqueles dias em que queremos fazer várias coisas, mas nenhuma das opções são suficientemente boas.

Por exemplo, aquele bar com o seu amigo que parece ser tão legal te lembra coisas bizarras. Brigas com sangue. Bebedeiras intermináveis. Música ruim. Gente escrota. Perguntas idiotas feitas por pessoas mais idiotas ainda.

E o bar com o seu amigo não parece ser mais tão legal. E você descobre que você já é uma velha. Que você não quer mais rodar a cabeça num movimento headbanger, mas sim ouvir um violão com notas batidas. Você não quer mais virar tequilas junto com whiskys, mas sim tomar um bom vinho ou aquela Guinness. Você não quer mais conhecer pessoas estranhas, com tatuagens no pescoço e pupilas dilatadas. Você quer amigos antigos reunidos e rindo de como a vida é inusitada. Você não quer tomar chuva e sentar na rua, esperando dar 4 horas da manhã para ir para casa. Você quer estar em casa e ter tudo isso.

Parabéns, você está na meia idade.

Sunrise


E um dia ela percebe que tudo aquilo em que acreditava era mentira. Que tudo o que ela pregava era fruto de um coração trancado. Que o que ela acreditava ser amor, era simplesmente paixão. Daquelas que corrói, que machuca, que é estúpida e que tem uma morte rápida, porém dolorosa. Ela percebeu que tudo isso é passado. E o que vem pela frente é a verdade. É o eterno olhar bondoso; a eterna vontade de um abraço; a eterna sensação de segurança quando as duas mãos se enlaçam; a vontade de passar dias e noites ouvindo a mesma voz, sem se cansar; a vontade de conhecer cada pedaço, cada parte do corpo que se arrepia, cada gesto que representa uma mania, cada riso que tem um sentido. E ela percebe que não quer passar os dias se lamentando por dentro e sendo forte por fora. Que ela quer olhar com os olhos de um conjunto. Que o transbordamento de sentimentos é magnífico. E que tudo parece tão calmo e tão simples por não ser doentio e sim por ser verdadeiro. Que ela quer gritar pra todo mundo ouvir o quanto é bom, mas nenhuma das palavras se encaixam no seu sentimento. E ninguém entende isso. Mas ela percebeu que não precisa e nem quer ser entendida. Só precisa sentir e saber que tudo é recíproco.Ela agora AMA. Ama mesmo!!!

Duas metades de um inteiro


Era uma vez uma estrela chamada Sol. Essa estrela era muito contente e achava que tinha tudo o que alguém poderia ter. Ela era feliz e radiante e não havia uma pessoa sequer que não notasse a sua presença tão calorosa e expansiva. A estrela Sol gostava de toda a sua importância. Mas a atenção que ela chamava não era a que ela queria chamar. Ela era esquecida rapidamente por todos, virando apenas um cenário na vida de quem a podia enxergar. E com isso, a estrela Sol foi deixando de ter todo aquele brilho e aquela felicidade estampada na sua luz. Ela queria mais, mas esse "mais" era uma questão que ela não sabia explicar. O que seria esse "mais" ? E assim os dias foram passando, passando, passando. Até que um dia, a estrela Sol se esqueceu de se pôr no horário de costume e acabou se encontrando com alguém. Ela ficou alucinada, afinal, jamais pensaria conhecer alguém a partir do seu erro de horário. Esse alguém era o satélite Lua. O satélite Lua era alguém muito sóbrio. Ele não fazia nada para chamar a atenção, mas mesmo assim era o mais belo e o mais querido. Todos paravam para admirar a sua potência sobre as pessoas e todos queriam ter um pouco da magia do satélite Lua. Ele era realmente alguém especial. E a estrela Sol ficou hipnotizada pelo que o satélite Lua era. Afinal, ele era exatamente tudo que ela sempre quis conhecer. As outras estrelas que ela conhecia não eram tão interessantes quanto aquele satélite, que estava tão perto e ao mesmo tempo tão inalcançável. Mas ela não sabia o que o satélite Lua realmente sentiu ao vê-la. Só pôde perceber que ele também se encantou. Talvez ela fosse o oposto dele; ela tão louca e ele tão sensato. E por um momento, eles ficaram tão pertos que pareciam ser uma coisa só. Um misto de escuridão com uma áurea de luz. E enquanto todos olhavam admirados, uns pensavam que aquilo era a coisa mais linda que já tinham visto; outros pensavam que aquilo era impossível.
Mas só a estrela Sol e o satélite Lua sabiam que aquilo era tão possível e tão real. E hoje, eles pensam naquele dia durante todo o tempo, esperando pela vez em que possam formar de novo a imagem do "impossível e encantador".
(Eu mesma! 2008)

Começando do começo


Por que as pessoas escrevem, afinal? Por um bloqueio da fala? Talvez. Por ser mais simples? Talvez. Por poder fingir que não são nossos aqueles pensamentos e sim de qualquer outra pessoa? Muito provável.
Fato é que: todo mundo tem o ímpeto de escrever. Seja uma carta, uma cola, seja na parede ou na camiseta de fim de ano do colégio. Todo mundo quer deixar sua marca e seu pensamento. Mesmo que esse seja tão absurdo que preferimos que pareça ser de outra pessoa.
E por que temos que começar do começo? Não por que do meio? Aliás, qual seria o começo? A segunda de manhã? Aliás, a relação de começo/segunda de manhã deve ser pelos dois serem tão chatos ao ponto de nos fazer querer dormir mais 5 minutos antes de começar. Afinal, o que é a segunda de manhã? Tédio, monotonia, preguiça, sono. E o que é o começo? Preguiça, dúvida.
É, os dois têm uma boa relação.
Mas, como diria um alguém que eu conheço: "Alguns benefícios requerem grandes sacrifícios" .
;)